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Lembro muito bem quando desembarquei em Salvador para acompanhar o carnaval 2020. Estava ao lado da minha filha e ali mesmo ouvimos os primeiros comentários de que o Brasil corria um sério risco de ser contaminado por estrangeiros já portadores do Coranavírus, e de que as autoridades foram incapazes de suspender as festas carnavalescas com medo da reação do povo e também temendo mexer com o humor dos empresários que dependem muito da realização da festa, envolvendo diversos setores que vivem quase que exclusivamente da presença de cada turista que chega ao país de toda parte do mundo.

No dia seguinte, já em cima do trio elétrico, os comentários aumentaram, as conversas eram mais detalhadas, aí comecei a perceber o tamanho da tragédia que estava por vir, e veio. O resultado todos sabemos, só não sei se procede a ideia de que muitos governadores sabiam que estaríamos todos expostos ao perigo de uma contaminação.

O tempo passou, o país regrediu, a economia parou, mais de meio milhão de pessoas morreram, foi uma catástrofe, mas as coisas estão, parece, voltando ao normal. Sentimos nas ruas, vemos os leitos hospitalares esvaziando, por outro lado existe uma camada da população cética, temerosa, assustada com a possibilidade de voltarmos a enfrentar esse vírus terrível, e por isso insurge quando o governador Rui Costa e o prefeito Bruno Reis ventilam o desejo de realizarem o carnaval 2022.

É preciso cautela, muita cautela, até porque a Fiocruz alerta a nós todos que na Europa já campeia uma nova onda de contaminação e na reportagem a seguir o nosso leitor pode acompanhar com detalhes o risco que podemos correr:

“Fiocruz: nova onda de covid-19 na Europa e Ásia serve de alerta para Brasil

Frente ao aumento de casos de covid-19 na Europa e Ásia, a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) alerta para a necessidade de manutenção das medidas de prevenção à doença no Brasil. O Boletim Observatório Covid-19, divulgado hoje, também ressalta a desaceleração do ritmo de vacinação de primeiras doses no país.

O comunicado da fundação lembra que os casos graves da doença se concentram atualmente em grupos de pessoas que não foram vacinadas e, especialmente, em países com baixa cobertura vacinal. Embora o Brasil registre uma tendência geral de queda nos indicadores, a fundação sublinha que “a pandemia não acabou e que o risco de recrudescimento permanece com a proximidade da temporada de festas e de férias”.

Por isso, além de aumento da cobertura vacinal, os pesquisadores da Fiocruz falam em manutenção das demais estratégias não farmacológicas, como distanciamento social e uso de máscaras – medidas que só poderão ser abandonadas, conforme explica o boletim, quando o país atingir o patamar de 80% da população plenamente imunizada.

“Essa ausência de distanciamento físico inclui formas distintas de aglomeração, desde o transporte público a atividades de comércio e lazer, nas quais há uma exposição prolongada de pessoas em espaços confinados”, dizem os pesquisadores da Fiocruz. Atualmente, de acordo com os dados de ontem do consórcio de veículos de imprensa do qual o UOL faz parte, ao todo, 123.407.869 pessoas já tomaram a segunda dose ou a dose única de vacinas contra a doença. Isso corresponde a 57,85% da população do país. Casos na Europa e Ásia O boletim da Fiocruz ressalta o panorama da pandemia nos continentes conforme análise da OMS (Organização Mundial da Saúde), que mostra o recrudescimento da doença em países da Europa e da Ásia Central. Na última semana de outubro, as duas regiões foram responsáveis por 59% de todos os casos e 48% dos óbitos registrados no mundo inteiro. Respectivamente, a Europa e a Ásia Central viram um aumento de 6% e 12% em comparação com a semana anterior. Se a tendência for mantida, segundo a OMS, essas regiões poderão registrar mais meio milhão de óbitos por covid-19 até 1º de fevereiro de 2022, e 43 países podem enfrentar o risco de colapso nos seus sistemas de saúde.

Na Europa, que voltou a ser o epicentro mundial da doença, vários países já possuem alta cobertura vacinal completa. Segundo a OMS, o continente foi responsável por 55% das mortes e 63% dos novos casos no mundo entre 1º e 7 de novembro. O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, reforçou o alerta de que a vacinação não substitui “a necessidade de outras precauções”. Por isso, a organização segue recomendando o uso “proporcional” de recursos como testagem e distanciamento social.”