Não, não foi COVID-19. Ultimamente, qualquer pessoa que nos deixa a primeira pergunta é se foi vítima desse vírus terrível, traiçoeiro e invisível. Ele não escolhe a vítima, às vezes muitos vão ao seu encontro, ignoram a sua existência, subestimam a sua capacidade de matar, não cumprem as recomendações médicas/sanitárias e se expõem, se aglomeram, e quando menos esperam estão no leito de um hospital, sem sequer receber um afeto, um carinho, um beijo de um familiar ou um abraço de um amigo.

Ademar, um dos ícones da música baiana partiu, não foi de COVID, mas se foi, e só nos resta lembrar de tudo de bom que ele plantou aqui na Terra. Qualquer morte nos faz calar, por que as pessoas partem, deveríamos viver para sempre, mas não é assim, temos uma missão a cumprir aqui na Terra, depois virá outro plano. Esse plano já está aproveitando de grandes estrelas da música. Já foram tantos que dá para fazer um bloco de carnaval. Ademar foi completar o time no último andar.

Um dia ele ousou desafiar o ritmo frenético da guitarra baiana, testou a paciência dos foliões da Praça Castro Alves em Salvador e do seu teclado mágico executou Ave Maria, convidando aquela massa enlouquecida para entrar em comunhão com Deus. Palmas e louvores foram rendidos ao ousado maestro que fez arranjos para muita gente que brilhou cantando a música baiana.

No início dos anos 80 eu contratei Ademar com a Banda Made In Bahia, depois com a Furta-cor que lhe deu visibilidade. Perdemos um grande ser humano, ele lutava contra um câncer, guerreou até que não mais resistiu, como um guerreiro, lutou até a morte, mas durante a sua vida jamais feriu alguém, assim falam todos que conviveram com ele.

Partiu mais um talento da nossa música, nos fará falta, mas pra que chorar? Ademar deixou um legado que familiares, fãs e amigos sentirão felizes em seguir.