Luiz

Por Professor Luiz Ibiapaba *

Anísio Teixeira é considerado o precursor das grandes transformações que marcaram a educação brasileira, na primeira metade e boa parte da segunda do século XX. Foi ele quem implantou, pela primeira vez, as escolas públicas, de todos os níveis no Brasil, com o objetivo precípuo de oferecer educação laica, gratuita e de qualidade para todos. Sobre Anísio Teixeira, Fernando de Azevedo, redator e primeiro signatário do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, deixou escrito: “Não há setor da educação brasileira em que não se encontre obra de sua mão, inspirada por ele ou marcada de sua influência, nem problema que não tenha enfrentado para lhe dar solução.”

A partir de 1927, sob a influência das Conferências Nacionais de Educação, promovidas pela então recém-criada Associação Brasileira de Educação – ABE, a educação pública ganha novo impulso. Surge um discurso forte sobre a necessidade de os governos federal e estaduais investirem na organização da educação pública; não que esta estivesse desorganizada; encontrava-se inorganizada, pois ainda não se havia organizado.

Já em 1926, também, começa-se a falar sobre a necessidade de uma escola normal em Vitória da Conquista, mormente, porque, naquela ocasião, o então Diretor Geral da Instrução Pública do Estado da Bahia, o nosso Anísio Teixeira, inaugurava a Escola Normal de Caetité. Governava a Bahia o Dr. Góes Calmon.

Em 1932, o Professor Euclides Dantas, naquela época, Diretor do Colégio Marcelino Mendes, juntamente com o Dr. Francisco Bastos e o então Prefeito Deraldo Mendes, orientados por Anísio Teixeira, pleitearam junto ao Interventor Federal da Bahia, Tenente Juracy Magalhães, uma escola normal nos moldes das já existentes em Ilhéus e Caetité. No entanto, em 1935, foi inaugurado o Grupo Escolar Barão de Macaúbas, primeira escola pública estadual de Vitória da Conquista que, durante muito tempo, ostentou o status de melhor casa de ensino da cidade.

Até 1940, quando a cidade acordava para o progresso com a abertura da construção da Rodovia Federal Rio-Bahia, não havia aqui o ensino secundário, ou seja, o curso ginasial. Muitos alunos concluíam o curso primário e não tinham como progredir nos estudos, a não ser aqueles que dispunham de recursos financeiros para estudar em Salvador ou em outras partes do país onde existiam outros cursos. Mais uma vez, Anísio Teixeira estimula um grupo de professores de Caetité, liderado pelo Padre Luís Soares Palmeira, para vir a Vitória da Conquista e criar, aqui, um ginásio. Esse grupo ficou denominado “A Plêiade de Caetité”.

Com a chegada do ginásio, em 1940, e a presença deste grupo, houve um grande progresso na educação conquistense, optando a maioria dos alunos por fazer aqui o curso ginasial. O ginásio era dotado de excelente substrato físico (para a época) e de qualificado corpo docente. O Padre Palmeira, como Diretor da escola e educador nato, tudo fazia para o progresso da educação secundária na cidade e grande defensor da implantação de uma escola normal em Vitória da Conquista.

Em 1947, Otávio Mangabeira assumiu o Governo da Bahia numa conjuntura de retorno ao estado democrático, após o fim do Estado Novo, queda de Getúlio Vargas, e final da Segunda Guerra Mundial.

Em 1949, houve um movimento organizado entre educadores, Prefeito e o povo, em geral, que reclamava ao Governador Otávio Mangabeira a instalação imediata de uma escola normal, a exemplo de outros municípios baianos já dotados de escolas de formação de professores. Naquela ocasião, o Secretário de Educação do Estado da Bahia, Anísio Teixeira, desenvolvia um enorme programa de expansão e organização da escola pública baiana.

Neste período, já na década de 1950, ao responder um repórter sobre os altos custos de uma escola, ele afirmou:

“O projeto de uma escola não pode ser barato; a guerra custa muito caro. Por que o projeto de uma escola tem que ser mais barato? Por que se pode gastar dinheiro com guerra e não se investir mais em educação?”

Com essa visão que, em 29 de janeiro de 1950, pelo Decreto n° 14.296 – B, foi autorizada a criação da Escola Normal de Vitória da Conquista, pelo Governador Otávio Mangabeira e pelo Secretário de Educação do Estado da Bahia, o conterrâneo regional Anísio Teixeira.

No dia 20 de março de 1952, foi solene e festivamente inaugurada a tão sonhada Escola. Coube ao então Governador Régis Pacheco presidir a solenidade de inauguração, encontrando-se presentes, além do Governador, Secretários de Estado, o Prefeito Gérson Sales, Vereadores, Professores, todas as escolas desta cidade e grande multidão.

Finalizando esta reflexão sobre o ilustre conterrâneo, torna-se de bom alvitre deixarmos aqui a insuperável declaração exarada em seu livro Educação para a Democracia, em 1936. Ei-la:

“Só existirá uma democracia, no Brasil, no dia em que se montar a máquina que prepara as democracias. Essa máquina é a escola pública. Mas não a escola pública sem prédios, sem asseio, sem higiene e sem mestres devidamente preparados, e, por conseguinte, sem eficiência e sem resultados. E sim, a escola pública rica e eficiente, destinada a preparar o brasileiro para vencer e servir com eficiência dentro do país.”

*O autor deste texto é Licenciado em Letras Vernáculas, com 45 anos de exercício da docência, destes 30 na docência do Curso de Magistério do Instituto de Educação Euclides Dantas. Pós-Graduado em Linguística aplicada ao ensino de redação. Bacharel em Direito. Ex-Presidente do CME de Vitória da Conquista. Ex-Secretário Municipal de Educação de Vitória da Conquista.