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Tempos de saudades e solidão

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Por Afranio Leite Garcez*

Dedicada aos meus queridos “AMIGOS DA BAHIA”

“In memorian” aos amigos ausentes.

Saudade é um sentimento causado pela distância física e emocional, ou ausência de algo ou alguém. Tem origem no latim, com o significado de solidão. Também pode ser interpretada como lembranças nostálgicas e suaves de lugares e pessoas que gostaríamos de ver ou estar com elas.

É uma palavra que não tem tradução literal em muitas línguas. Saudade é uma das palavras mais utilizadas nas poesias de amor, nas músicas românticas da língua portuguesa. Saudade significa a memória de algo que aconteceu e intensa vontade de reviver certos momentos. É uma palavra substantiva feminina, que pode também estar associada a um determinado tipo de canção, como o fado, por exemplo, ou ainda a tantas outras palavras que se coadunam como solidão, tristeza, melancolia etc.

Nestes tempos de pandemia eu passei a observar ainda mais estes sentimentos, que tenho a impressão que à todos estão atingindo indistintamente, independentemente de cor, raça, classe social ou credo religioso, e ficou ainda mais patente quando fui ouvir como sempre o faço, o cantor Oswaldo Montenegro, exatamente a canção “A LISTA”. A princípio achei um fato comum até porque é algo que faz parte de nossas vidas as idas e vindas, e as chegadas e partidas de pessoas em nossas vidas.

Posteriormente, assistir um belo vídeo que foi postado num grupo no aplicativo wathasap, “Amigos da Bahia”, que reúne velhos amigos de meados da década de 70, do século passado, e que por iniciativa do Bira Mota foi criado e há uma interação constante sobre os mais diferentes temas. Neste grupo existem pessoas que fazem parte da minha vida de maneira útil e que não pretendo perder a amizade sincera, dentre eles o Massinha, Edmilson Gonçalves, Zilton Rocha, o Professor Valdélio Silva, e tantos outros de igual valor.

Depois de assistir atentamente o vídeo, coloquei-me a pensar o que é e como eu poderia escrever sobre a saudade, pois o poema nele contido está relacionado com a interação social que sempre tivemos e que agora estamos afastados, e em razão da pandemia. Lembrei-me da escritora Isabel Allende, residente nos Estados Unidos da América do Norte, há mais de 30 anos, e que dizem, trancada em sua casa ao lado de seu marido, à ela foi atribuída a seguinte observação: “Os tempos do século XXI, está nos deixando terríveis sequelas e consequências, além da escuridão e do obscurantismo, imperceptíveis antes da pandemia do covid19”, e acrescenta, “estávamos vivendo no tempo do antes, agora o do meio, e depois será o tempo do amanhã que nenhum de nós é capaz de prever como será”.

Existem ecologistas, cientistas, esotéricos que acham que com a pandemia o mundo passa por uma espécie de “purificação espiritual”, com a chegada ao planeta Terra de novos seres mais iluminados, e que é a primeira vez que a humanidade está refém de um vírus, estas palavras foram em razão da morte prematura de sua filha Paula Allende vitimada pelo coronavírus.  Agora e depois, já não precisaremos mais comprar roupas caras, de visitar lugares exóticos, é apenas tempo para perdemos fisicamente com aqueles que amamos.

Já não podemos mais nos abraçar, apertar as mãos, ir às casas de nossos pais e familiares. Não podemos mais nós sentar nos bancos das praças e rememorarmos o passado. Não podemos expressar nossas alegrias com entusiasmo, ou com as naturais decepções. Não podemos mais nós aproximar de velhos e queridos amigos para saber as últimas novidades, as pessoas não possuem mais rosto, pois disfarces com máscaras, não usam mais a colônia preferida, agora é o odor do álcool em gel.

Não podemos mais a noite ficar admirando o luar, os astros e as estrelas, até mesmo procurando dentre um deles alguém que se foi. Não podemos sentir a brisa matinal, o vento vespertino, ou o gostoso frio desta época de inverno. Uns enxergam nos outros uma ameaça indescritível, tudo fruto da pandemia. O tempo não para! Só a saudade é que faz as coisas pararem no tempo… – frase cunhada pelo imortal Mario Quintana -.

Enfim, meus queridos “Amigos da Bahia”, nós que somos da mesma faixa etária, que pensávamos que já tínhamos atravessado o Cabo das Tormentas e estávamos passando pelo “Cabo da Boa Esperança”, estamos cada vez mais isolados e com mais melancolias e saudades.  Espero que possamos juntos solfejar as canções do Caetano Veloso, Gilberto Gil, Milton Nascimento, Mercedes Sosa, comentar Pablo Neruda, Graciliano Ramos etc.

Por quanto tempo ficaremos assim rebenqueados de saudades eu não sei, mas a minha por cada um de vocês, por cada acontecimento em minha vida aumenta ainda mais, no desejo de novamente reunirmos, andarmos livres pelos campos, entre as flores, pelas ravinas, montes e montanhas. Espero que logo possamos nos reunirmos e alegres e felizes trocarmos calorosos abraços, longos apertos de mão, ficarmos perto um do outro sem receios, olharmos e admiramos extasiados o mar, os rios as cachoeiras, as belezas da natureza.

 

* Dr. Afranio Leite Garcez, é ex-professor, advogado, escritor e cronista, membro efetivo da Academia Conquistense de Letras de Vitória da Conquista.

 

 

8 respostas para “Tempos de saudades e solidão”

  • Ivone Leite Garcez says:

    Belo texto e nos leva a reflexões de coisas simples porém valorosas que não dávamos o valor devido antes da pandemia.

  • Rita Medeiros says:

    Texto maravilhoso!!!

  • Lidice says:

    Parabéns Afrânio, exatamente assim!

  • Texto muito lindo e reflexivo. Nos dias atuais onde precisamos manter distância de quem amamos e queremos está perto, somos bombardeados com um vírus que fez nos afastar de amigos, familiares e lugares que costumamos frequentar.
    Mas de fato, esse vírus nos fez aproximar e amar com maid afeto as pessoas que amamos.
    Saudade sentimos de poder ser livres para andar sem preocupações pelas ruas, sem medo de abraçar ou andar de mãos dadas com a namorada(o), com a esposa(o). Isso nos leva a refletir quando prendemos um passarinho em uma gaiola e você se por no lugar do outro, e privar de sua liberdade, tenho a certeza de os pássaros sentem saudades de poder voar livremente mais o homem privou a sua liberdade.
    Meu amigo Afrânio, grato por esse texto lindo e reflexivo.
    Evoé

  • Rita Medeiros says:

    Texto maravilhoso!
    Parabéns!

  • Excelente texto.
    Nesse momento em que todos buscam respostas, principalmente os cientistas, saudade talvez seja um ótimo ponto de partida para a reflexão de cada um,

  • Ronaldo Novais says:

    Quero aproveitar este veículo de comunicação para registrar as minhas saudades…
    Sempre que me encontro com amigos, aqui em Londres, sou indagado sobre a experiência de viver em país estrangeiro. Logo, inicia-se uma longa conversa quando tento descrever esta experiência. Na língua inglesa existe um amplo vocabulário para abordar cada uma dessas situações, o termo HOMESICK é usado para expressar a falta que se sente de casa, da cidade e do país; para descrever os sentimentos referentes aos parentes e amigos distantes, as palavras são TO MISS ou LONGING; e caso queira relatar sobre lembranças dos tempos de infância, o termo mais apropriado seria NOSTALGIA. Muito embora, confesso que conseguimos compartilhar tudo o que desejamos através desta palavrinha mágica de sete letras!
    Enfim, aqui me encontro mais uma vez parabenizando o nobre amigo Dr. Afrânio que nos presenteia com este belo texto. Ao publicar esse artigo, ele nos mostra o valor de uma amizade verdadeira… sendo, ainda, capaz de evidenciar o que há de melhor na vida, independente às circunstâncias que nos rodeiam. Parabéns por nos motivar a seguir sempre em frente, mesmo quando vivenciamos momentos de pandemia. Em 30 de janeiro celebra-se o “Dia da Saudade”, palavra abstrata constituída por uma extensa significância.

    O Tempo passa.
    A vida acontece.
    A distância separa..
    As crianças crescem.
    Os empregos vão e vêm.
    O amor fica mais frouxo.
    As pessoas não fazem o que deveriam fazer.
    O coração se rompe.
    Os pais morrem.
    Os colegas esquecem os favores.
    As carreiras terminam.
    Os filhos seguem a sua vida
    como você tão bem ensinou.
    MAS… os verdadeiros amigos estão lá,
    não importa quanto tempo
    e quantos quilômetros estão entre vocês.
    Um amigo nunca está mais distante
    do que o alcance de uma necessidade,
    torcendo por você, intervindo em seu favor
    e esperando você de braços abertos,
    e abençoando sua vida!

    (Autor desconhecido)

  • Ronaldo Novais says:

    Gostaria de acrescentar uma pequena experiência, recente, que também retrata as minhas saudades… como Caetano Veloso e Gilberto Gil também viveram aqui em Londres, estive visitando alguns lugares por onde eles passaram… Isso me fez sentir próximo de nossa cultura baiana.

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alessandro tibo


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