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Vitória da Conquista começa assumir os ares de cidade fantasma. Pouco gente nas ruas, mesas dos bares vazias, parece filme de faroeste, dos antigos. Está tudo mais ou menos deserto. Quem diria!

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Cada um de nós está assumindo a condição de que somos dependentes um do outro e começa a enxergar o seu vizinho, o nosso, de maneira mais calorosa. Fazemos autocrítica sem perceber, sem precisar falar, sem precisar usar a voz. Nesse instante, sem perceber, você começa a ver o mundo de maneira diferente. O “nós” é mais que o “eu.

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Não precisa falar, gritar, não precisa se redimir dos seus erros através de um pedido de desculpas usando o verbo.

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Você se descobre mais humano, mais solidário a partir de gestos, de saudações, de alôs nunca dados ou até mesmo de “bom dia vizinho, está precisando de algo?”
O Coronavírus veio para nos assombrar, nos aterrorizar, veio pra dizer que somos iguais, que qualquer um pode ser a próxima vítima.

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“Tudo passará”. Já ouvimos essas palavras saindo da garganta do extraordinário Nelson Ned, pequenino na estatura, mas um gigante com um microfone nas mãos. Cantava muito o baixinho.

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Todos esperamos que tudo passe, o confinamento obrigatório, e necessário, já está entediando a população, a impaciência é visível no meio das crianças.
Quando tudo voltará ao normal? Depende muito de cada um de nós.

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Fechar o comércio foi uma das medidas mais esperadas pela população. Mesmo sabendo que precisam vender para pagar as contas, muitos lojistas torciam para que o prefeito municipal tomasse a decisão de mandar lacrar as portas das casas comerciais.

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Quase acontecia no sábado, esteve perto, uma minuta chegou a ser elaborada para posterior assinatura do prefeito. Era sábado pela manhã quando Sheila Andrade, presidente da CDL, me enviou uma mensagem:

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“Só daremos o resultado à tarde, vamos aguardar o prefeito ler item por item, para posterior assinatura”, disse a exausta dirigente depois de muitas conversas com os seus pares de diretoria e com o próprio prefeito Herzem.

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Enquanto isso a população aguardava impaciente uma posição oficial da Prefeitura, até porque pela manhã saiu uma publicação de maneira indevida dando conta que o Executivo anunciara sua posição em relação ao funcionamento do comércio. Foi devidamente negado pela Secretaria de Comunicação.

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Passou toda a tarde de sábado, entrou a noite e nada das novas medidas assumidas pelo prefeito do município de Vitória da Conquista serem anunciadas.

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Amanheceu e o que todos esperavam aconteceu: o comércio passou a se enquadrar dentro de uma nova realidade de funcionamento. Medidas que trouxeram preocupações para quem precisa faturar, precisa pagar as contas, mas o que fazer se a vida humana vale mais do que qualquer volume de vendas?

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O prefeito chegou a dizer que “já esperava a reação dos comerciantes, o povo da nossa cidade está sendo muito generoso, compreensivo. Todas as nossas medidas foram muito bem aceitas por todos”, disse o gestor.

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Antes das últimas limitações impostas pelas medidas restritivas, e que a cidade já vivencia, a capital do sudoeste da Bahia experimentava uma nova rotina no seu cotidiano:

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Academias fechadas; escolas do município e da rede particular de ensino com as aulas suspensas; ônibus com nova dinâmica; e também proibição de funcionamento de casas de shows, teatros, auditórios, além de proibição de reuniões em espaços públicos com a presença de mais de cem pessoas.

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Mudou quase tudo. Vimos que não temos poder para definir o nosso futuro, que não conseguimos traçar o nosso destino sem olhar para quem está ao nosso redor. Um inimigo que não enxergamos está nos fazendo parar, a ficar em casa, confinados, limitados, impotentes, contudo ainda com tempo de rever os nossos conceitos de cidadãos e de humanos.

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Um dos mais graves problemas que a humanidade enfrenta é a limitação no atendimento na área de saúde. É a grande dificuldade que todo governante encontra, é o principal item a ser resolvido por qualquer gestor.
Quando o governador Rui Costa anunciou a construção de policlínicas em algumas regiões do estado, aqui em Conquista o prefeito Herzem Gusmão não viu a medida com bons olhos, pelo menos com o formato administrativo que teria.

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“Não concordo com esse modelo. É muito bom pra ele, é bom para o seu partido político”, disse o prefeito sem reservas, sem limitar as palavras.

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O prefeito foi arredio, cético, deixou claro que não participaria do consórcio deixando um suspense no ar. Estaria o ex-radialista com a razão? Em determinado momento o prefeito reviu sua posição e indicou a então secretária de Saúde, Ceres Almeida, para representá-lo na solenidade de lançamento do equipamento de saúde que aconteceu na cidade Belo Campo.

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Durante o impasse, o prefeito recebeu duras críticas da presidente do Conselho de Saúde de Vitória da Conquista, a psicóloga Monaliza Barros, que considerou a atitude do prefeito inadmissível.

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A presidente licenciada do Conselho encontra-se em Portugal. De lá, num gesto que soou republicano e civilizado, e que serviu de exemplo para os agentes políticos, ela, através de matéria publicada no blog do conceituado jornalista Giorlando Lima, disse:

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“Como vocês sabem, sou uma eleitora de esquerda, mas quero aqui manifestar minha admiração pela coragem, iniciativa e liderança com que Herzem, como prefeito, e Alex, como secretário de Saúde, tem se comportado frente a crise”. O trecho acima faz parte de um texto que está postado no Blog de Giorlando Lima.

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Naturalmente são palavras que confortam o prefeito e o secretário, dando-lhes combustível para continuar agindo frente as dificuldades que o momento apresenta.

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Enquanto isso, outros adversários do prefeito cobram medidas mais urgentes por parte do prefeito. Reclamam da morosidade em determinar o fechamento das feiras livres: “o que prefeito está esperando para determinar o fechamento das feiras livres? Elas são um foco da disseminação do vírus. Não sou eleitor de Herzem, mas num momento como esse temos que torcer para que tudo dê certo“, diz Júlio Oliveira, tradicional militante petista.

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O presidente do PT, Isaac Bonfim, em carta aberta lançada à comunidade, cobrou do prefeito agilidade nas novas medidas que precisam ser tomadas e disse: “não vacile, Herzem, não demore no que precisa ser feito, é urgente”, aproveita o ensejo e se coloca à disposição.

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O professor Carlos Costa, crítico diário do prefeito na sua página Contagem Regressiva, lamenta, por exemplo, a ideia do secretário de Educação que sugere os pais levarem os alunos para usufruir da merenda nas escolas, quando deveriam permanecer em casa já que as aulas foram suspensas.