Um jovem conquistense – João Pedro Bonfim – é o único estudante da Bahia em 2020 a tirar nota 1000 no exame Nacional do Ensino Médio, o ENEM. Isso diz muito sobre a capacidade do garoto, sobre o apoio da família e dos amigos, sobre os cursos complementares que frequentou. Bonfim, como é conhecido por muitos, é um aluno disciplinado, focado, motivado, participativo, curioso; procura formar opinião sobre assuntos os mais variados – da Física Quântica à revolução de Trinta; da crise da política nacional ao uso do politicamente correto na linguagem cotidiana -, tudo isso sem recorrer a artifícios que simplificam o conhecimento, sem procurar decorar mecanicamente citações descontextualizadas oferecidas no atacado em diversos portais da internet. Muito menos a memorizar estruturas fixas de redação que comprometem absolutamente a capacidade de criação do aluno, na única prova do Exame em que há espaço para a subjetividade. Ou seja, ele é um estudante que por dois anos consecutivos esteve entre os melhores do Brasil em redação (a sua nota em 2018 foi 980), porque faz o dever de casa: leva a sério o que faz e não se satisfaz com menos do que o entendimento verdadeiro e profundo daquilo que estuda. E como todo bom estudante ele também se cansa, estressa, confunde, se precipita, erra. Mas o diferencial tem sido o foco e o comprometimento com aquilo que estuda, com respeito pelos professores, pelas instituições por onde passa e pelo conhecimento necessário para fazer uma boa prova. Por isso o seu desempenho nas outras matérias também não deixa a desejar.
Vitória da Conquista deve se orgulhar de ter um jovem assim. Mas numa cidade com centenas de milhares de habitantes, estudantes em abundância, uma cidade que se orgulha de ser polo educacional, isto é, que ainda consegue atrair seletivamente milhares de outros jovens dos municípios vizinhos um único aluno nota 1000 é muito pouco. Ou não? Não é hora de os profissionais de educação, os políticos, os empresários e os formadores de opinião levarem um pouco mais a sério aquilo que tanto falam nos discursos? EDUCAÇÃO É UMA PRIORIDADE NACIONAL. Será mesmo uma prioridade?
Ampliem a dimensão: João Pedro Bonfim é o único de toda a Bahia. Entendo que isso é uma lástima pra Salvador e pra vários outros importantes municípios do estado. Esse motivo de comemoração no plano pessoal, familiar e no nível daqueles que como eu e os meus colegas do Curso Ao Pé da letra participaram do processo de preparação desse rapaz é motivo para reflexão no âmbito municipal, regional, estadual e até nacional, já que mais uma vez um número reduzidíssimo de alunos (apenas 53) conseguiu o êxito máximo nessa disciplina do Exame Nacional do Ensino Médio.
Em resumo: um bom aluno – João Pedro Bonfim – com um bom suporte familiar e escolar, com um excelente curso complementar, O Ao Pé da Letra, que há mais de 15 anos presta esse serviço em Vitória da Conquista, apresentando metodologia e material didático próprios, sem copiar modelos dos grandes centros, conseguiu colocar vitória da Conquista em destaque nacional, como o único município da Bahia e um dos raros do nordeste a ter um aluno com a nota máxima – Um Mil maiúsculo no Exame Nacional do ensino Médio (ENEM). Isso é motivo de comemoração e de reflexão sobre o nosso lugar como cidade e como estado no processo de aperfeiçoamento das ferramentas e das metodologias de estudo no nível médio no Brasil do século XXI.

Mas traduz também uma situação que deveria ser incômoda para todo nós