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Por Omar Costa Ribeiro

Aqueles jovens de 17 e 25 anos já foram adolescentes, crianças e nunca tiveram comportamento diferente de todos os jovens que convivemos, até o dia 13 de março de 2018.
Não eram loucos. Eles são apenas consequência de uma sociedade que não tem interesse algum de desacelerar a vida de consumo e consumo, e buscar soluções para a prisão que estamos colocando os jovens.
Imagine sentar numa cadeira de cinema que, com um dedo, você reclina e com um óculos 3D você se sente protagonizando uma ação. Agora imagine sentar numa cadeira de madeira de uma sala de aula que só se observa descompasso com o século XXI.
No caderno dos assassinos-suicidas tinha um título: TÁTICAS DE JOGO – espaço para definir os passos para a prática do crime – em outra página tinha REGRAS DA ESCOLA – proibido usar celular em sala de aula, proibido fumar nos ambientes da escola, falta (até 25% carga horária), reprovação no curso (falta ou nota), tolerância para atraso de 10 min…
Vamos por pontos: Por quê escolhem, na grande maioria, a escola para ser atacada ?!
1. Muitos desses jovens só possuem a escola como espaço para ter acesso à internet. Imagine vc que tem o Wi-Fi como uma das novas necessidades básicas chegando todos os dias em um ambiente que proíbe a utilização por muitos minutos. A escola brasileira não inseriu a internet, o celular, a tecnologia como ferramenta de aprendizado e encontrou na proibição a única forma de “educar”;
2. O uso das drogas continua sendo tratado com terror. “É proibido fumar”, mas se todos os dias eu vejo na minha novela preferida o meu ator preferido fumando ?! A escola brasileira não busca entender o comportamento, e mais uma vez impõe, ao jovem questionador, suas regras;
3. O estudante que tem 13 matérias e é “reprovado” em matemática e física é obrigado a repetir todo o ano letivo, é chamado de repetente, é tratado como um peso para a escola pois sua idade já se encontra incompatível com o ano de estudo.
O atraso, a falta … o foco das regras é o aprisionamento. O jovem é protagonista no game mas não pode protagonizar na escolas.
Esse mesmo jovem não buscou criar seu jogo ?!
Esse mesmo jovem já não tem um tempo diferente daquele tempo de ensinar do século XX ?! Ainda cabe na escola da internet, do celular, aulas “conteudistas” de 50 e até 100 minutos, intercaladas com apenas 15 ou 20 minutos de intervalo ?!
Não basta responsabilizar os “assassinos-suicidas”, até porque eles já se sentenciaram. O que precisamos saber é o que fazer agora. Esperar mais um caso para a comoção nacional ou buscar na raiz as causas ?!