Por Maria Reis Gonçalves

Bem, se você não for do tipo que gosta das obras de Shakespeare ou  mesmo de Platão, onde os personagens morrem por um amor não correspondido, então fuja dos amores platônicos pois, esse tipo de relacionamento esquiva-se da normalidade, termina machucando e tirando totalmente a paz de quem se apaixonou. Posso afirmar, sem medo de errar, que não existe amor se não for recíproco. E não adianta se você for do tipo que adora ler artigos que falam como conquistar a pessoa amada, não importa se você é a pessoa mais legal do mundo, uma pessoa alto astral, viajada, boa companhia, pois não são essas coisas que farão alguém gostar de você. O que eu sei é que todos nós somos livres para amarmos quem quisermos. E, à atração, emana sempre de maneira imprevisível, e nunca sabemos ao certo o que nos atraiu no outro. E nem o que fizemos para despertar â atração.

Os amores não correspondidos trazem sofrimentos, nos levando às lágrimas, e não são gotas insignificantes, às lágrimas aparecem quando o seu amor está cansado de lutar, quando você sente que fracassou no doar-se e percebe que o relacionamento já não faz sentido. São gotas que brotam da dor que sua alma sente e o seu coração está partido. As pessoas começam a sentir amor, involuntariamente, muitas vezes, devido a sua personalidade. Quando sentimos amor por alguém, o colocamos em uma posição privilegiada, começamos a nos comportar com insegurança, imaturidade e ficamos inibidos, emocionalmente. No entanto, devo acrescentar, que o amor idealizado não é, algo necessariamente, ruim, desde que a pessoa saiba dosar racionalmente que o que ela julga ter, não existe, afinal nem toda pessoa que idealizamos, conhecem os nossos sentimentos e muitos conhecendo, às vezes, não corresponde, não nutre o mesmo tipo de anseio. Devemos, mesmo no amor, sermos racionais, para que ele não se transforme em um problema e traga sofrimento. Nesses casos, quando o sofrimento se instala e fica quase insuportável, a melhor alternativa é procurar ajuda profissional de um psicoterapeuta.

Existem alguns relacionamentos frios e fracassados e, mesmo assim, as pessoas insistem em mantê-los, talvez por comodismo, medo de enfrentar a solidão ou mesmo para aparentar estar em um relacionamento sério e duradouro. Pois, infelizmente, nos nossos dias, a aparência é o que mais importa. As pessoas estão acostumadas a amores novelescos, cheios de sentimentos controversos, dando maior ponto para a frase “eu te amo”, do que para as ações e atitudes que provem que amor é verdadeiro. As pessoas estão se deixando iludir por situações que lhes sejam convenientes, com as desculpas esfarrapadas do outro, achando que assim ficarão protegidos da realidade. Prefere sofrer em silêncio, do que deixar que percebam que o relacionamento não está dando certo, que já não existe amor, e quando o amor acaba, o respeito, a admiração acabam junto ou vice versa. No entanto, muitos falam que continuam na esperança de que o quadro reverta-se e o amor torne a fluir e tudo volte ao “normal”, como se a paixão fosse algo baseado na normalidade.

Mas, devo confessar que tem gente que não vale o nosso esforço, nossa insônia, às desculpas, os encontros cancelados, os atrasos. Quando existe interesse, os atos “de fazer acontecer” são quase automáticos. Quem quer, de verdade, consegue dar um jeito de ter. Quem se importa, volta para se desculpar, quem ama demonstra. Então observe bem as ações do outro, o que ele está lhe ofertando, se você não for prioridade, não insista, nem arrume desculpas para camuflar o que está acontecendo, tem gente que não vale o poema que você escreveu. O poeta, cronista e jornalista Carpinejar em um texto nos fala o seguinte: “A indiferença é uma doença muito mais grave. Alguém que não está aí para o que você faz ou não faz, para onde vai e quando volta… De solidão, chega a do ventre que durou nove meses.” Então, seja atento ao que lhe é recíproco, dê ao outro o que você espera receber, nem mais e nem menos, e nunca insista no que não lhe é dado de forma natural. Existem coisas que não valem o nosso esforço e nem a nossa dedicação.