delegado valdir barbosa

Por Valdir Barbosa

N­ada tenho contra Geddel. Nem a favor. Mas, conhecendo a obra que fala do magistral Renato Russo digo ter tido mais sorte do que ele. Não fui obrigado a conviver em sala de aula com o mega cênico “suíno” – a alcunha não é obra minha, todavia, a última cena protagonizada pelo político foi realmente mega -, segundo Renato, in-su-por-tá-vel. Caso realmente o seja posso afirmar, fosse vivo, o autor de tantas letras geniais passaria a ser, um a-for-tu-na-do. Afinal, muito mais “russo” dividir com o “agatunado” – também não fui eu quem nominou assim o ex-parlamentar – a cela diminuta da Papuda assistindo-o fazer na privada, tantas coisas feitas as escondidas, quando homem público, contudo, ali, sem qualquer privacidade.
O país tem assistido, sobretudo via imprensa, incontáveis absurdos, na esteira de incríveis atitudes próprias de pessoas, muitas delas representando instituições, totalmente desprovidas de senso ético e compromisso com os interesses da sociedade, verdadeiras alavancas do despautério e estimuladoras da impunidade.
Recente notícia inspirou o texto que escrevo nesta manhã, cuja manchete repito na íntegra, me permitindo não comentar acerca do referido assunto, para deixar ao leitor, a oportunidade de tirar suas próprias conclusões: ” “Vamos esperar a Justiça” diz Deputado Pedro Tavares ao negar a expulsão de Geddel” – referindo-se ao atual presidente do PMDB baiano.
Grafo estas linhas, enquanto sigo para Vitória da Conquista, após ver confiscados alguns objetos meus, por parte da enérgica funcionária responsável pela revista de praxe, no aeroporto de Salvador, antes de embarcar no voo que me leva à cidade serrana dos meus devaneios.
Por óbvio, não despachei volume que trazia comigo. No agora, impossível e imponderável fazê-lo sem pagar, cerca de trinta por cento do valor da passagem, por única mala – afora alusão às milionárias -, independente de tamanho e peso, me disse gentil atendente da Azul. Destarte, submetido ao compreensível rigor da revista imposta aos viajantes aéreos, face aos riscos de atentados terroristas fui flagrado, com meu perigosíssimo lixador de unhas e letalíssima tesoura de aparar pequenos pelos auriculares, assim como nasais, tão incômodos, nestes tempos do caminho à casa dos setenta. Caso não pretendesse perder os apetrechos, assim fui advertido, teria que voltar para despachar a bagagem, depois de dispor aos cofres da empresa aérea, o equivalente a algumas generosas doses de scoth, além do risco de não embarcar por conta do horário vencendo.
Assisti meus pertences serem mergulhados numa caixa transparente, por provável para torturar o perdedor, ao vê-los partir num rumo sem volta. Penso seria certo ofertar ao dono, um recibo do quanto apreendido, lhe facultando prazo para retirar as coisas, mas, nessa nossa nação repleta de inversões valorais, de repente, o que é nosso deixa de nos pertencer, frente a portaria, decreto, ou mínima decisão unilateral dos que ainda mandam.
Entretanto, pior mesmo é perceber que nesta pátria, os tornados vêm em forma de suspeitos, flagrados na prática de crimes, por absurdo, pretensos inocentes que deixam na cena do crime suas impressões digitais, físicas e de caráter.
Não sei se os tufões devastadores lá de fora, se comparam aos vendavais de desvios, responsáveis por atingir milhares de homens, mulheres, crianças, jovens e anciãos que clamam por segurança nas ruas, necessitados de vagas, em portas de escolas e hospitais.
De toda sorte, nos resta crer e pugnar, para que bons ventos possam vir.