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Padrinhos

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Por Edvaldo Paulo de Araújo

O que é serem padrinhos?
O nosso povo, na sua maioria, professa a fé católica, cujo sacramento do batismo alberga uma figura tradicional que é os padrinhos. Um casal, por consideração, aproximação e respeito, convida outro para que batize seu filho e, muitas vezes, sem noção do real significado. Numa época difícil para a religião católica, dominada por filosofias outras de vida, ideologias, nasce a figura dos padrinhos, há muitos séculos, querendo, além dos compromissos dos pais, mais um casal com a responsabilidade de conduzir o rebento nessa fé e ser para a vida, na falta dos genitores, a substituição dos mesmos para a vida.
A Igreja, através do seu Código do Direito Canônico, criou algumas normas para que se escolham os padrinhos do batizando. Obviamente que sejam católicos confirmados e já tenham recebido a Santíssima Eucaristia, e leve uma vida com fé e o conhecimento do que irá desempenhar.
Padrinhos são como pais, como segundos pais, com as devidas obrigações e devem-se manter sempre e para sempre na vida dos afilhados.

Ser padrinho ou madrinha é estar presente em todos os momentos importantes; é cuidar, proteger, acarinhar, procurar, preocupar-se, ou seja, estar absolutamente presente na vida dos afilhados.

Ser padrinho ou madrinha é ensinar, é ser um motivo de respeito e orgulho, é sentir, é ser um porto seguro na vida dos afilhados, proteger e educar.

Ser padrinho ou madrinha é um privilégio enorme, é um ato de grande importância e responsabilidade, não é coisa de um dia, de um só dia de festa, mas sim de uma vida inteira.

Quem aceita este desafio e esta responsabilidade o faz para sempre; portanto sua tarefa de amor, companhia, cuidado e orientação não acabam quando seu afilhado se torna adulto, mas continua durante a vida inteira, essa é a sublime idéia.
Na minha infância na roça, especificamente em Veredinha, em determinados dias, andava muitos quilômetros só para pedir a bênção e beijar as mãos dos meus padrinhos. É com pesar que vejo esses pequenos gestos se perderem diante de uma vida atribulada e sem conservação das tradições. Tradição salutar, que demonstra respeito, amizade, consideração e afeto.
Meus padrinhos, Roque Araujo e minha madrinha Dila, têm por mim o mais puro afeto, apesar da dificuldade de estar sempre em contato, mas guardo profundamente o afeto de épocas quem que nos víamos com freqüência.
Hoje o meu padrinho tem 92 anos e minha madrinha 85. Ele ainda trabalhando no momento de sol a pino em sua rocinha, e ela cuidando dele, das tarefas da sua casa, dos cuidados com sua família. Quando os encontro, é um momento de muita emoção, de carinho, de choro, de histórias e uma demonstração de um grande afeto mútuo.
No dia 15 de agosto próximo passado, foi o aniversário do meu padrinho e fui vê-lo no dia 16 à tarde em sua fazendinha e o encontrei debruçado em uma foice a trabalhar em sua propriedade; então me emocionei. Ele é uma raridade na sua idade, raridade na sua saúde, raridade em estar trabalhando e criticando a situação dos dependentes de ajuda do governo e que não querem trabalhar, ainda trazendo, a rebote, uma família de preguiçosos e acomodados.
Não posso falar do meu padrinho Roque, sem falar na minha madrinha Dila, são lindos, são gente, são exemplo de vida na sua simplicidade sem querer mais. É o entendimento da passagem pela terra, priorizando o viver bem, ter alegria, servir e cuidar de sua família, mas com o perfeito entendimento de que cada um tem que fazer o seu caminho.
Meu padrinho Roque, é também meu tio, irmão de minha mãe. Depois de longas conversas sobre a dificuldade da sua juventude junto com minha mãe, a amizade desde a infância com meu pai, me convidou para conhecer a sua propriedade, o açude que ele fez no braço com a idade de 80 anos, pelas cercas da propriedade que ele fez, com suas plantações me fez um desafio para que eu dissesse como era o nome daquela frondosa arvores, fiquei sem saber. Meu padrinho foi no chão e pegou uma semente e me pediu para que colocasse na boca; vindo a identificar, era imburana. Entusiasmado, perguntei: “meu padrinho, porque não empacota e vende, pois apuraria um bom dinheiro”.Veio a resposta prontamente, “meu filho, eu só vendo se precisar, como não estou precisando, deixa aí para quem quiser pegar”.
Meu padrinho e minha madrinha têm uma história digna de se escrever. Uma história de luta, de fome, de sacrifício, de ajudar as pessoas, de buscar, na luta, criar seus filhos e netos e do seu profundo amor pelo seu passado. Um passado de muito sofrimento, de muita luta, de muita fome, para chegar a um ponto de suas vidas.
Trabalhando no DNER durante toda sua vida, quando ele aposentou, quis ter um trabalho e não queria ser empregado de ninguém. Com certo valor recebido a duras penas na sua aposentadoria, abrindo mão de comprar algum bem para o conforto, adquiriu uma terra na seca caatinga, onde nada tinha e, com seus braços, fez tudo o que lá tem hoje. Aos meus olhos, fez muito; um exemplo sem precedente e até os dias de hoje, com seus 92 anos, ainda trabalha na propriedade e – o mais importante – com muitos planos para o futuro.
Agora que descobri onde eles ficam, não vou abrir mão desse convívio, vou estar mais perto deles, pois é uma dádiva essa oportunidade. Independente de religiosidade, da fé católica, são pessoas que, um dia, se achegaram a mim, e o título respeitoso e a dádiva do apadrinhamento fizeram nascer esse amor entre nós. Ficamos muitos anos sem contato, no meu caso especifico devido à luta para criar minha família, a luta pelo meu trabalho. Hoje, com certa estabilidade e com o meu crescimento espiritual e a busca por verdadeiras obras da vida, alinhadas com a simplicidade e com o amor, quero estar mais perto deles.
A bênção, meus padrinhos!

8 respostas para “Padrinhos”

  • Carla Nascimento says:

    Lindo texto.Padrinhos quem os tem merecem este carinho.
    Faça merecer esta proximidade.Dar atenção e amor nunca é demais agora tem há tempo.Fazer o bem faz bem.Fiquem próximos são sua Familia.

  • Neuza Bonfim says:

    Parabens amigo,como sempre nos emociona pelas belas falas,em que externa sentimento humano.

  • são meus pais,pessoas humildes mas de carater…..Herança que deixará para seus filhos netos e bisnetos…o amor,a humildade e o bom carater…

  • João says:

    Parabéns lindo texto, emocionante! Grande abraço!

  • Sheila says:

    Lindas palavras. Tenho um carinho muito grande por meus padrinhos, João e Neci, a quem tenho muito respeito e admiração. Muito bonito de sua parte escrever este texto falando da importância padrinhos nas nossas vidas.

  • Kátia Conde says:

    A ênfase e o reconhecimento dados às relações calcadas, pura e simplesmente, em confiança e verdadeira amizade, vêm sempre bem a propósito numa época em que os valores mais simples e legítimos têm sido, lamentavelmente, descartados por tantos.
    Ser escolhido(a) para ser padrinho/madrinha é, de fato, uma honra e uma grande responsabilidade. Mas, como pode ser constatado no decorrer de todo o texto, o que mais se destaca são os laços de amor, respeito e carinho mútuos que, mesmo à distância, são mantidos incólumes, na maioria das vezes, durante toda a vida.

  • JORGE MIGUEL says:

    Excelente texto – A responsabilidade do batismo.

  • Mariana Araujo Moura says:

    Esses são os meus avós, tenho orgulho do que são, do que se tornaram e de como moldaram nossa família com união, respeito a amor incondicional.

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alessandro tibo


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