A obra Fuxico de Candomblé é muito importante para compreender a comunidade brasileira, tolerar e saber conduzir as questões interpessoais com modicidade

A obra Fuxico de Candomblé é muito importante para compreender a comunidade brasileira, tolerar e saber conduzir as questões interpessoais com modicidade

Por Alexandre Aguiar

A obra Fuxico de Candomblé é muito importante para compreender a comunidade brasileira, tolerar e saber conduzir as questões interpessoais com modicidade, razoabilidade e justiça. Em sentido amplo, um fuxico precisa ser visto como exercício regular de direito. Por certo ponto de vista, cabe estabelecer que o fuxico perpetrado em comunidades afro-descendentes precisa ser atenuado e tratado como exercício regular de direito fundamental sob a perspectiva da liberdade religiosa. Na vida em sociedade, as pessoas devem saber dosar o que são questões comezinhas e evitar o abalroamento do aparato do Estado com expedientes sobre fuxico, que são próprios da nossa essência popular, mas é preciso saber que a depender do fuxico pode ser enquadrado como ilícito civil e até crime contra a honra.

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Também é muito corriqueiro o fuxico ser tratado como falta de educação em certos e determinados meios. Brigas de família, vizinho e outras questões típicas do cotidiano brasileiro podem ser evitadas e superadas pela compreensão da nossa origem ancestral, sob a ótica do candomblé. O Emérito Prof. Doutor Julio Santana Braga, é um livre pensador da Bahia, que colaborou de forma pioneira com o entendimento destas questões a partir da obra fuxico de candomblé. Babá Jujú é ainda balaorixá, ou seja, sacerdote religioso de matriz africana. Na disciplina visão de mundo afro-brasileira, que foi desenvolvida, incluída no plano de curso e encontra-se sendo ministrada também de forma pioneira pelo Professor Doutor Itamar Aguiar no curso de filosofia da UESB, é possível se deparar com estes e outros conteúdos.

É preciso considerar que essa formação seja indispensável para o aprimoramento da democracia constitucional, no sentido de colocar a tratativa de matérias jurídicas também sob o prisma da matriz afro-indígena brasileira.
Esse conteúdo possou da hora de ser inserido no debate acadêmico-jurídico e não pode ser desprezado pelo direito pátrio, uma vez que seja legítimo do ponto de vista da origem ancestral e de formação do povo brasileiro, que é mestiço.

Posteriormente cabe dedicação mais ampliada a este tema, que merece uma tratativa mais detalhada, em linguagem fácil e acessível, posto que que esses e outros assuntos precisam fazer parte do nosso cotidiano. Babá Jujú diz que não existe candomblé sem fuxico, todavia, podemos ir mais longe, ao dizer que onde acontece as relações do povo brasileiro tem fuxico. No candomblé o fuxico acontece naturalmente. No cotidiano em sociedade, como brincadeira sadia, o fuxico acontece e é sempre bem vindo, todavia, se for causar problemas, por cautela, fica a orientação, para evitar se envolver em fuxico.

Tem até ditado popular que diz: “Quem fuxica o rabo espicha.”
Saravá. Viva a Bahia!