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              Foto: Arquivo Pessoal / Facebook

Nicole Fahel Mangabeira, como por encanto partiu em busca dos seus sonhos. Está e sempre esteve muito bem ao lado dos seus pais e da irmã caçula. Mas sempre quis trabalhar com arte. Veio degustando essa ideia, faz tempo. Poderia ir simplesmente para Salvador, São Paulo ou Rio de Janeiro. Ela quis avançar um pouco mais. Foi para a Escola New York Film Academy, em Los Angeles. Nicole está na cidade e veio passar as festas de final de ano junto à família. Esteve reunida em sua residência com amigas de infância, ontem à noite, onde me recebeu, para a entrevista que você confere a seguir.

BM: É uma grande surpresa ouvir de sua mãe que você estava nos EUA fazendo teatro e de repente isso mudou sua vida de uma hora pra outra.

NF: Na verdade sempre gostei muito de teatro e aqui em Vitória da Conquista nunca encontrei muitas opções para seguir. Foi então que fui para Salvador e acabei explorando mais e resolvendo seguir essa carreira e quero ver até onde vai.

BM: Percebo essa atmosfera bem legal você com sua família, todos bastante apegados e de repente dá uma guinada em sua vida. Você vai primeiro para Salvador e lá desperta para o teatro, foi a partir daí que você despertou para esta arte?

NF: Então, sempre quis fazer teatro, porém, aqui não tinha muita opção. Quando fiz intercâmbio no Canadá tive esse primeiro contato e quando voltei para o Brasil, já em Salvador, eu comecei a fazer aulas realmente profissionais. A partir daí, decidi que era esse caminho que trilharia e acabei indo para fora do Brasil novamente.

BM: Como foi a reação de seus pais ao saber dessa vontade de você fazer teatro?

NF: Eu acho que é sempre difícil falar que um filho quer fazer teatro, pois, é algo muito incerto e complicado. Mas, eles sempre me apoiaram bastante e estão diariamente me apoiando querendo que eu continue e me parabenizando por tudo que faço. Acho que isso é o que mais importa, o fato deles terem aceitado.

BM: Até aí tudo bem, você estava aqui mais perto em Salvador, porém, como foi para eles saber que você estaria um pouco mais longe nos EUA para ir em busca de seu sonho?

NF: De fato foi um pouco mais complicado. Logo no começo era RJ, SP que era um pouco mais próximo. Apesar de meu pai sempre ter gostado dos EUA e ter morado lá, então para ele foi um pouco mais fácil. Já minha mãe queria que eu ficasse um pouco mais próxima. Mas, hoje está tranquilo, eles já foram inclusive me visitar e viram que estava feliz e ficaram um pouco mais despreocupados.

BM: Qual a motivação de ter escolhido teatro, foi por uma satisfação pessoal ou você encara mesmo pelo lado profissional?

NF: Como profissão. Gosto muito desse lado artístico, sempre fiz muita dança, poesia, música, mas quando de fato tive esse primeiro contato com o teatro vi que atuar era realmente o que mais queria. É o que me faz feliz, estar no palco fazendo gravações é o que eu quero para toda minha vida não só como hobby.

BM: Só que você não fica apenas no teatro está despertado em você o gosto pelo cinema, não é isso Nicole?

NF: Quando fui para Salvador, meu curso era voltado mais ao teatro. Agora nos EUA é mais direcionado para o cinema, então, são gravações com câmera para filmes e séries. Não sei qual desses prefiro nesse momento, pois, gosto dos dois. Mas, são bem diferentes, curto o teatro porque é uma arte mais ao vivo e o artista recebe de volta o que o público lhe dá na hora, porém, o cinema tem essa ligação muito bacana com a câmera e essa habilidade que também gosto bastante.

BM: O teatro para o artista tem uma reação espontânea, já o cinema, a reação do público não é que seja fria, porém, será percebida um pouco depois.

NF: Cinema é algo bem planejado, ensaiamos bastante, você pode fazer várias vezes. Mando depois de alguns dias para meus pais e eles me mostram uma reação que poderia ser mudada ou não. Porém, o teatro tem essa reação instantânea, se você errou tem que continuar e improvisar e isso muito bom é algo bem caloroso e que gosto muito.

BM: E essa mudança para os EUA fora do seu seio familiar, foi uma mudança brusca não é?

NF: Tenho trabalhado e me ocupado bastante para não sentir tanta falta. Sou muito família e sempre quando estou um pouco menos atarefada realmente se torna um pouco mais difícil, aí tento ligar mais e usar as redes sociais através de conversas com vídeo. Mas, tento me manter muito ocupada para tentar amenizar essa falta.  Morar sozinha realmente é muito difícil, principalmente no meu caso que convivia bastante com uma irmã mais nova, então é muito complicado.

BM: Vejo que você está reunida com suas amigas numa confraternização pré-Natal isso também lhe toca bastante.

NF: Sim. Realmente tive esse momento com amigas que tenho há bastante tempo e é sempre bom manter esses laços de amizade, elas são ainda minhas melhores amigas. Então, sempre que podemos nos reunimos e é muito bacana essa atmosfera de família e elas representam também uma parte de minha família.

BM: Evidente que é uma mudança de cultura, hábitos dentre outros aspectos. O que de fato você pode ver com essa nova realidade morando em outro país? Qual a diferença percebida?

NF: Tudo é bastante diferente a responsabilidade de preparar minhas refeições, acordar sozinha, limpar a casa, lavar a roupa são coisas que não fazia aqui. Tem horas que é bastante complicado, pois, só queremos chegar em casa e descansar depois de uma rotina muitas vezes puxada. São coisas em que você percebe que cresceu, chegam às contas e tudo isso é muito diferente é mais frio, porém, é mais meu do que aqui.

BM: O fato que apesar do cuidado e até mesmo da continuidade da atenção de seus pais você cresceu é independente e hoje já está em uma nova fase.

NF: Aqui mesmo quando cursei o ensino médio era muito apegada e era mais menina. Agora que acabei de estudar e estou realmente trabalhando é que estou virando mulher, tenho mais responsabilidades e eu sinto isso mais forte. Agora que cresci realmente e vejo que sou uma mulher e não mais uma menina nas “asas” de meus pais.

BM: Vejo que na sua fala que você está bastante seguro e que esse tempo todo que passou te engradeceu em seus propósitos e na certeza de trilhá-los.       

NF: Realmente vejo que é isso que eu quero, estou bem feliz. Completei 20 anos e estou decidida e sei o caminho que quero trilhar. Apesar dos dias complicados, por vezes muito difíceis, mas tem valido a pena.

BM: Você quando voltou suas atenções para o teatro teve alguma inspiração do meio artístico ou foi mesmo em razão de gostar desta arte?

NF: Eu nunca me inspirei em uma só figura. Deste meio a artista que mais gosto é a Julie Andrews, da Sony Music, é a minha favorita e sempre a segui. Mas, acho que como um todo só o fato de estar no palco e fazendo diversos papéis e dos mais variados, posso ser tudo que eu quero sendo apenas eu mesma. Eu acabo me descobrindo cada dia mais.

BM: A gente não pode deixar de tocar nesse assunto, mesmo com essa distância como você tem visto a situação atual do país? Você tem acompanhado?

NF: Eu tenho acompanhado de lá, sim. Vejo de forma bem complicada e não tinha essa dimensão até chegar aqui. Espero que melhore porque mesmo morando fora e gostando de lá, mas aqui é o meu país e de onde realmente sou.

BM: A partir de sua experiência nos EUA, como as pessoas veem o nosso país, principalmente os jovens de sua idade? Qual a impressão que eles têm?

NF: Que é um país de festa e que não tem crise que chegue aqui, lembram muito do carnaval e das praias. De qualquer forma acho que é uma visão boa saber que eles admiram nossas belezas naturais, mesmo que nesse momento a gente queira que eles saibam que existe uma crise e complicações. Acho que é legal que o Brasil seja visto por esse lado bom também.

BM: O povo americano é realmente muito frio ou é só essa impressão que nós temos?

NF: Foi uma das coisas que mais percebi, eles são realmente muito frios e são assim no cotidiano. Você vê que eles gostam de você mais é algo bem distante. Acho que é uma das coisas que sinto mais falta daqui e acabei não me acostumando com isso ainda. Apesar disso, tenho amigos que fazem com que essa reação seja amenizada, mas, é complicado aqui o pessoal tem esse calor humano muito abraço e beijo. Lá as pessoas são distantes e eles são realmente bons, porém, de uma maneira diferente que a gente às vezes não se acostuma.

BM: Desejo tudo de bom e acredito que você enquanto artista tem uma carreira promissora. Gostaria que deixasse uma mensagem para os jovens e as pessoas de um modo geral.

NF: Não desistir nunca, mesmo que você receba negativas, até porque o que mais recebi e por vezes recebo são “nãos”, mas, diante disso temos que seguir em frente e acreditar em nós mesmos. Não deixar que ninguém te derrube e seguir seus sonhos.